quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Nelson Mandella: pilar de um novo mundo

Não posso deixar de prestar minha homenagem póstuma a Nelson Mandella, seja como professor de História, seja como político.

Este senhor mudou a forma de se encarar o mundo com seu exemplo de luta contra um dos maiores sistemas de segregação que o homem já viu: o apartheid.

Acompanhei boa parte da sua história recente desde sua saída da prisão até agora na sua morte.

Era é um homem visionário. Seu exemplo de esperança deve ser seguido por todos.

Sua passagem pelo Brasil em duas ocasiões já mostrava seu impacto no povo, seja ele qual fosse. Aqui foi recebido pelos ex presidentes Collor e Fernando Henrique.

Foi recepcionado em um estádio de futebol por 50.000 pessoas e discursou. Frase de impacto: "Sou do povo e temos muito em comum, pois o povo brasileiro é miscigenado como o meu povo."

É isso. Mahatma Ghandi, Martin Luther King e Nelson Mandella vieram a este mundo para nos mostrar como é viver pensando no outro, no próximo.

Esses são pilares de um novo mundo.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Título de cidadão dracenense

Se tem alguém que merecia o Título de Cidadão Dracenense era o Mário. Propositura minha, do Gustavo e do Milton.

 E ontem entregamos a maior honraria de nosso município a este que tanto fez para Dracena.

Também entregamos o Título para o Reitor da UNESP, Júlio César Durigan, propositura do Gustavo, do Milton e minha.

Eis aí as fotos e o meu discurso:


                                    fotos Cláudio José: blog bastidores da notícia dracena

TÍTULO DE CIDADÃO DRACENENSE
MÁRIO DE BENI ARRIGONI


"Sempre falei nesta Tribuna, em relação a Título de Cidadão, que existem duas formas de se conceder a maior honraria deste município: por política e por mérito.

No caso do Mário é nítido que todos nós testemunhamos que esta honraria é por mérito. Sem dúvida alguma.

Também existe um costume, correto por assim dizer, de relatar o currículum do homenageado. Nada mais justo discorrer suas conquistas. Aliás, é por elas que justificamos o decreto legislativo de concessão de título de cidadão dracenense.

No seu caso, prefiro destacar suas ações em nossa cidade que nos levaram a estar aqui hoje, te adotando.

Mário, na boa, com toda a liberdade que o senhor me concedeu nas vezes que conversamos: se eu fosse ler seu curriculum esta sessão se tornaria muito chata, o que não é uma característica sua, pode ser uma característica desta Casa em algumas ocasiões. Então vamos evitar o marasmo, ok?

Quero ler um texto pra vocês e espero que todos entendam meu paralelo depois.

“Nas análises das fibras musculares, foram utilizados ... animais por tratamento e na avaliação de desempenho e características de carcaça, foram utilizados todos os animais. Em relação a ganho de peso diário, rendimentos de carcaça e cortes cárneos, área do músculo longissimus dorsi e proteínas e lipídeos totais na carne, não houve diferença entre os grupos genéticos... A maciez da carne não variou entre os grupos genéticos... A semelhança da maciez da carne ... permite que o tempo de maturação das carnes seja reduzido, quando se utiliza animais jovens.”

Conhecem?

Conhece?

Este é um recorte de um texto fruto de uma pesquisa de professores da UNESP do qual o professor Doutor Mário de Beni Arrigoni participou e foi publicado na Revista de Pesquisa Agropecuária Brasileira volume 39 número 10 – Brasília, 2004, com o título Desempenho, fibras musculares e carne de bovinos jovens de três grupos genéticos.

Quando o Campus Experimental da UNESP foi confirmado em nossa cidade, eu me lembro da festa que foi feita, das comemorações, dos preparativos, da esperança de investimentos, na expectativa e na angústia dos que viriam pra cá.

Era um período de muita instabilidade política, com formação de vários grupos políticos com divergências idealísticas e uma desconfiança absurda seja de quem fosse.

Fui eleito vereador pela 1ª vez neste contexto e a UNESP foi alocada num dos prédios da FUNDEC, que da mesma forma, passava por uma transição administrativa muito traumática para o município.

Neste contexto político, o senhor junto com o Paulo, seu braço direito como sempre fez questão de dizer publicamente, vieram liderar a instalação do Campus.

Vocês tiveram um excelente relacionamento com o ex prefeito Stelato, mas ainda tinham que conquistar outros tantos em dúvida com questões que não estavam tão claras ainda.

Quando o convênio Estado-Município chegou nesta Casa para autorizarmos sua renovação, mesmo com riscos políticos futuros, boa parte dos vereadores da época estavam propensos a não autorizar. Então, a Comissão de Finanças da Casa formada pelos vereadores Juliano (presidente), Schmidt (vice presidente) e Pedro (membro), resolveram convocá-los para uma reunião da qual participaram 5 dos 9 vereadores da época. Além destes, os ex-vereadores Lupércio e Gustavo (Mú).

Reunião de mais de 2 horas onde todas as dúvidas foram extraídas, as contas foram explanadas, os benefícios foram expostos e onde pela 1ª vez nos encontramos. Não sei se o senhor se lembra da nossa conversa final. Eu me lembro.

O senhor disse: “Mais alguma dúvida?”

Respondi: “Mário, sou unespiano de formação e não vou, neste momento complicado, colocar o meu nome e da instituição que me formou em qualquer barca. Estou satisfeito com o que vi, li e escutei. Mas que garantia tenho de futuro que isto irá se concretizar?”

O senhor olhou pra mim, de certa forma assustado e me disse: “Não sabia que era unespiano. Estou contente e te respondo. Só tenho uma garantia pra te dar: o meu nome.”

E declarei: “Pois então serei o 1º a lhe defender.” - Levantei, dei-lhe um aperto de mão. E o convênio foi renovado por unanimidade.

Voltamos a nos encontrar na assinatura da escritura de doação de todo o terreno que compreende o Campus da UNESP. Neste momento, o senhor havia sido reeleito como coordenador do Campus de Dracena, um novo Prefeito fora eleito (Célio Rejani) e eu eleito Presidente da Câmara.

Várias autoridades presentes no salão nobre do Campus. Novamente, de vários grupos políticos da cidade e o senhor fez um belíssimo relato das conquistas que haviam sido feitas que se concretizavam àquele momento.

Fez questão de agradecer nominalmente a várias pessoas. Politicamente falando agradeceu aos vereadores de duas legislaturas, ao ex-prefeito Stelato, ao prefeito da época, Célio Rejani e ao Deputado Reinaldo Alguz.

Durante sua fala externou o trabalho de bastidores que faziam para trazer para o Campus um segundo curso: Engenharia Agronômica. Nos contou episódios de reuniões com o Reitor Herman, hoje Secretário Estadual da Educação, com o Dep. Reinaldo e, principalmente, a dificuldade de convencer os membros do Conselho de Diretores da UNESP, de que Dracena teria potencial para abrigar este curso. O que sempre era negado, justamente por ser um curso já existente em outras unidades.

Descendo as escadas do Campus lhe perguntei: “Mário, já entendemos que a briga política é de ‘cachorro grande’. O que a Câmara poderia fazer para ajudar?”

“Juliano, vocês já estão ajudando muito com o apoio incondicional que nos deram até agora.” – disse o Mário.

“E se propusermos um Título de Cidadão Dracenense ao Reitor Herman. Ajudaria?” – disse a ele.

Você parou na escada, com os olhos brilhantes e disse: “Nossa!!!!! Você faria isso?”

“Não só eu, mas a Câmara fará.” - respondi

E assim se fez. Um título essencialmente político, aprovado por unanimidade pela Casa e, para nossa surpresa, o 1º que o prof. Herman, então Reitor da UNESP, recebeu. O que é uma honra para todos nós.

Num 3º momento, nos encontramos, à convite do senhor, para uma cerimônia simples, onde estavam presentes somente autoridades e imprensa.

Todos estavam ansiosos, pois o convite foi de última hora e o anúncio foi feito:

“Quero anunciar a todos que o curso de Engenharia Agronômica, conhecido por Agronomia, foi autorizado pelo Conselho para o Campus de Dracena”

A alegria foi geral. Muitos aplausos. E o senhor continuou: “Faço questão de agradecer a todos que nos ajudaram durante este trajeto histórico e nominar, principalmente, alguns homens: o Deputado Edson Aparecido, o ex-prefeito Júnior Stelato, o prefeito (hoje ex prefeito) Célio Rejani, aos vereadores de Dracena e ao Deputado Reinaldo Alguz.”

Fez também o seguinte relato: “Gente, estamos entre autoridades e estou me ambientando com a política, mas o que vi o Sr. Deputado Reinaldo Alguz fazer eu nunca havia presenciado. Não sou político. Sou professor, mas eu presenciei este senhor colocar o seu mandato em check, para que este curso pudesse vir para Dracena. Só temos o curso de Agronomia por causa do Deputado Reinaldo Alguz. Foi exatamente por isso, que o Governador José Serra o escolheu para discursar em nome da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, para anunciar os 11 novos cursos da UNESP no Estado. Isso é um orgulho pra todos nós.”

Num 4º momento de encontro, da platéia o vi discursar há exato 1 ano, na formatura de mais uma turma da UNATI, um dos orgulhos desta cidade, criação do senhor e oportunidade para muitos senhores e senhoras de estudar e/ou voltar aos bancos escolares. Meus pais fizeram UNATI. E nesta oportunidade específica, estávamos participando da formatura da Biza (D. Geni, a bisavó do João Felipe – meu filho).

O senhor estava extremamente emocionado, apesar de não transparecer, pois sempre foi visivelmente durão. Relatou, resumidamente, sua passagem por aqui e terminou dizendo: “Não sou dracenense, mas hoje me considero dracenense. Vou embora sentido por deixar tantos amigos, mas tranquilo por cumprir meu dever.”

Neste instante, meu caro Mário, minha mulher se virou pra mim e disse: “Vocês já concederam tantos títulos de cidadãos e nunca pensaram no Mário?”

Eu nem preciso dizer a vocês que quem manda em casa é a patroa. Não tive dúvida. Tem determinados assuntos que não há discussão entre marido e mulher. A mulher tem sempre razão. Ainda mais quando é advogada.

Minha vida não é fácil Mário. Agradeça a ela o título de cidadão.

Mas, brincadeiras a parte, é mais do que merecido esta cidade adotá-lo como filho ilustre.

Faço questão de reler o recorte que fiz de sua pesquisa: “Nas análises das fibras musculares, foram utilizados ... animais por tratamento e na avaliação de desempenho e características de carcaça, foram utilizados todos os animais. Em relação a ganho de peso diário, rendimentos de carcaça e cortes cárneos, área do músculo longissimus dorsi e proteínas e lipídeos totais na carne, não houve diferença entre os grupos genéticos... A maciez da carne não variou entre os grupos genéticos... A semelhança da maciez da carne ... permite que o tempo de maturação das carnes seja reduzido, quando se utiliza animais jovens.”

Fazendo um paralelo com o recorte de sua pesquisa, o senhor analisou as fibras musculares políticas de extrema resistência e profundidade nestes últimos anos. Avaliou seus desempenhos e características. Os fez ganhar peso e desenvoltura, cada qual em sua ação. Não fez diferença entre os grupos genéticos políticos. Pelo contrário, sempre os valorizou, independente de seus posicionamentos. E finalizou que a maciez da carne era semelhante e sua maturação, independente do tempo, era a melhor.

O senhor é o único homem que conheço que colocou na mesma mesa, três grupos políticos distintos, sem questioná-los, sem menosprezá-los, sempre valorizando o que cada um tinha de melhor.

O título de cidadão é por mérito. Mas que sua habilidade política é inegável, não tenho dúvida.

Seja bem vindo, irmão adotivo.

Nós é que temos que lhe agradecer por tudo que fez por este município.


Parabéns, Mário de Beni Arrigoni."